Clima Tenso Precede Confronto entre Botafogo e Peñarol na Libertadores

A tensão no jogo entre Botafogo e Peñarol na Libertadores evoca lembranças da final de 1993, marcada por hostilidades. Confira os detalhes dessa rivalidade.
Clima Tenso Precede Confronto entre Botafogo e Peñarol na Libertadores

O jogo desta quarta-feira (30) não promete ser um desafio simples, apesar da ampla vantagem do Botafogo, que venceu o Peñarol por 5 a 0 na partida de ida da semifinal da Conmebol Libertadores. A equipe carioca está apenas a um passo de confirmar sua vaga na final, mas o cenário em Montevidéu lembra a tensão vivida na final da Copa Conmebol de 1993, que também teve seu clima conturbado.

Recordando a Final de 1993

O ge reuniu relatos marcantes daquela final, ocorrida em 22 de setembro de 1993. Poucos dias antes do jogo, um fax da Conmebol informou ao Botafogo sobre a antecipação da partida em um dia. Assim, a equipe enfrentou a situação de jogar com menos de 48 horas após uma partida do Brasileirão, além de ter que viajar no dia do duelo.

Bernardo Pasqualette, no livro “1993 – A Estrela Solitária Brilha na América”, detalha que problemas começaram a surgir antes mesmo do apito inicial. O treinador Carlos Alberto Torres, conhecido como Capita, descreveu a situação:

“Eles ainda estão na Idade da Pedra, acham que esse tipo de coisa ganha jogo.”

Os jogadores enfrentaram diversas hostilidades, incluindo rojões e agressões. Sinval, que era titular naquele jogo, relembra:

“Tivemos problemas no hotel com muitos rojões para não conseguirmos dormir. Na chegada ao estádio, fomos hostilizados e, durante o jogo, apanhamos bastante deles, que abriram a ‘caixa de ferramentas’.”

Um Ambiente de Guerra

O clima de hostilidade foi tão intenso que, após o empate do Botafogo com o gol de Perivaldo, os jogadores precisaram encontrar formas alternativas para deixar o campo. Sinval recorda:

“Para sair de campo foi uma guerra. Tive que pular o túnel, não entrar pelo normal, e pular uns dois metros de altura para não apanhar, literalmente.”

André Silva, que hoje é funcionário do Botafogo, relembra a batalha que foi aquele confronto:

“Foi guerra total, tanto no primeiro jogo quanto no segundo. Chegamos no Uruguai e não conseguimos dormir, com fogos durante a noite na frente do hotel. No dia do jogo, o vestiário tinha acabado de ser pintado, e jogaram bomba de gás lacrimogêneo. Foi uma guerra total.”

Consequências no Campo

William Bacana, o destaque da partida que terminou em 1 a 1, viveu momentos dramáticos. Ele perdeu um dente em um carrinho de um atacante uruguaio, mas seguiu lutando em campo mesmo com um jogador a menos. O ambiente hostil não abalou o espírito competitivo da equipe, que saiu daquele jogo com a determinação de um verdadeiro campeão.

Com essas memórias do passado em mente, o Botafogo se prepara para o novo confronto contra o Peñarol. O histórico de tensões em jogos contra adversários uruguaios adiciona um elemento de pressão à partida, mas o Glorioso entra em campo com confiança, buscando garantir sua vaga na final da Libertadores.